Nações que fazem fronteira com a Rússia reforçaram a segurança e estão monitorando de perto os eventos. “A situação é grave”, diz chanceler sueco.

Vários países europeus, além da OTAN, informaram neste sábado (24/06) estarem monitorando com atenção o que se passa dentro da Rússia, onde uma revolta dos paramilitares do Grupo Wagner ameaça o governo do presidente russo, Vladimir Putin.

Um porta-voz da OTAN disse que a aliança está “monitorando a situação” desencadeada pela rebelião dos mercenários.

Já o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, afirmou que a situação na Rússia “é claramente um assunto interno” daquele país e que o apoio à Ucrânia e ao presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, se manterá inalterado, independentemente do que acontece em Moscou.

Os países que fazem fronteira com a Rússia e Belarus, por sua vez, anunciaram que vão reforçar a segurança nas fronteiras. A primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, anunciou que tanto seu país assim como a Lituânia e a Letônia estão reforçando suas fronteiras orientais e pediu para que seus cidadãos não viajem para a Rússia. “Estamos trocando informações com nossos parceiros, e posso garantir que não há nenhuma ameaça direta contra nosso país”, informou a chefe de governo daquela ex-república soviética.

“Situação grave”

O presidente designado da Letônia, Edgars Rinkevics, disse que a situação na fronteira está sendo “monitorada de perto”, uma declaração semelhante à do presidente polonês, Andrzej Duda, que escreveu no Twitter que as forças do país estão vigiando “de forma intensa” a fronteira com a Rússia. Ele acrescentou que já realizou consultas com seus aliados e também com o primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, e o ministro da Defesa do país, Mariusz Blaszczak.

Finlândia e Suécia, por seu lado, mostraram preocupação com a situação na Rússia, que para Helsinque é mais uma prova das divisões internas sofridas por aquele país. “Estamos acompanhando de perto o desenvolvimento da situação”, disse o primeiro-ministro finlandês, Petteri Orpo, no Twitter. “A situação é grave”, escreveu, por seu lado, o chanceler sueco, Tobias Billström, na mesma rede social.

A Romênia, que faz fronteira com a Ucrânia e a Moldávia, informou que está monitorando de perto “a evolução dos acontecimentos na Rússia”. A Alemanha, enquanto isso, pediu a seus cidadãos que evitem o centro de Moscou e a cidade Rostov.

Neste sábado, o chefe dos mercenários do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, anunciou uma rebelião armada contra os militares russos e afirmou que suas forças controlam instalações militares da cidade de Rostov-on-Don, no sul da Rússia.

Os serviços de segurança da Rússia responderam à declaração de rebelião armada de Prigozhin, pedindo a prisão dele. Em um sinal de como o Kremlin levou a ameaça a sério, a segurança foi reforçada em Moscou. 

Em discurso na TV, o presidente russo, Vladimir Putin, chamou a insurreição armada de “traição” e prometeu “neutralizar” a ação dos mercenários.

Putin promete “neutralizar” rebelião contra exército russo

O presidente russo, Vladimir Putin, prometeu neste sábado (24/06) esmagar o que chamou de motim armado, depois que o chefe mercenário rebelde Yevgeny Prigozhin disse que assumiu o controle de uma cidade do sul da Rússia, como parte de uma tentativa de destituir a liderança militar.

A reviravolta dramática, com muitos detalhes obscuros, parece ser a maior crise doméstica que Putin enfrenta desde que ordenou uma invasão em grande escala da Ucrânia – que ele chama de “operação militar especial”.

Em um discurso televisionado, Putin disse que “ambições excessivas e interesses escusos levaram à traição” e chamou o motim de uma “punhalada nas costas”.

“É um golpe para a Rússia, para nosso povo. E nossas ações para defender a pátria contra essa ameaça serão duras.”

“Todos aqueles que deliberadamente trilharam o caminho da traição, que prepararam uma insurreição armada, que seguiram o caminho da chantagem e métodos terroristas, sofrerão a punição inevitável, responderão tanto à lei quanto ao nosso povo”, disse Putin.

Situação “difícil” em cidade tomada por mercenários

O presidente russo admitiu que a situação é “difícil” na cidade de Rostov-on-Don, no sul do país, onde o grupo paramilitar Wagner alega controlar instalações militares, incluindo um campo de aviação.

“Serão tomadas medidas decisivas para estabilizar a situação em Rostov, que é difícil”, disse Putin em uma mensagem à nação, na qual afirmou que o funcionamento de “órgãos da administração civil e militar está de fato bloqueado” na cidade, onde está localizado o quartel-general militar russo da ofensiva na Ucrânia.

Prigozhin havia exigido que o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, e o chefe do Estado-Maior, Valery Gerasimov – que ele se comprometeu a destituir por causa do que ele diz ser sua desastrosa liderança da guerra contra a Ucrânia –, fossem vê-lo em Rostov-on-Don, cidade perto da fronteira ucraniana que ele diz ter controlado.

Ele disse que tinha 25 mil combatentes que iriam “restaurar a justiça” e alegou, sem fornecer provas, que os militares haviam matado um grande número de combatentes de sua milícia privada em um ataque aéreo, algo que o Ministério da Defesa negou.

A milícia Wagner de Prigozhin liderou a captura da cidade ucraniana de Bakhmut no mês passado, e há meses ele vem acusando abertamente Shoigu e Gerasimov de incompetência e de negar munição e apoio ao Grupo Wagner.

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