NAM “Atlântico” possui equipamento que permite a evacuação rápida da tripulação em casos de necessidade de abandonar o navio

Por Primeiro-Tenente (RM2-T) Luciana Almeida – A bordo do NAM “Atlântico”

Em um navio de guerra, eventos extremos como incêndios de grandes proporções, ou avarias graves podem acontecer em alto-mar, colocando em risco a sua tripulação. Prover uma solução  eficiente para salvaguardar os tripulantes em casos de emergência é a proposta do MES (Marine Evacuation System, na sigla em inglês), conhecido no Brasil como Sistema de Evacuação Marítima. O equipamento permite que a tripulação, em caso de necessidade de abandono, consiga deixar o navio de forma mais rápida e segura. 

De acordo com o oficial responsável pela Marinharia e Salvatagem do Navio-Aeródromo Multipropósito (NAM) “Atlântico”, o Capitão-Tenente Fábio Chaves do Nascimento Pereira, o sistema funciona, basicamente, por acionamento pneumático. “Ele tem uma espécie de toboágua, que chamamos de chute. São dois tubos que saem do equipamento e inflam quatro balsas abaixo. Então, a tripulação desce como se estivesse em um toboágua de parque aquático e se divide igualitariamente nas balsas [que abrigam até 430 pessoas no total]”, explica o Oficial.

O NAM “Atlântico” também possui 70 unidades das tradicionais balsas salva-vidas, que comportam até 25 pessoas cada uma. Entretanto, o MES funciona de forma mais rápida. Juntos, os dois sistemas possuem capacidade de prover a evacuação segura de quase o dobro de pessoas que o navio é capaz de abrigar, que é de 1.100 tripulantes. Tal redundância, porém, é desejável em se tratando de situações emergenciais.

“A gente fez um lançamento, no ano passado, e aconteceu tudo bem rápido. A faina foi bem executada e constatamos que o equipamento é muito bom para navios desse porte, que tem uma tripulação grande e que está sempre trabalhando com significativo número de destacados”, relatou o Capitão-Tenente Fábio Chaves.

O sistema de salvatagem MES é moderno e muito comum em navios mercantes e de cruzeiro. Alguns navios da Marinha britânica o possuem, assim como outros poucos navios de guerra, explica o Comandante do NAM “Atlântico”, Capitão de Mar e Guerra Mozart Junqueira Ribeiro. “Herdamos o MES da Marinha Real Britânica, pois quando compramos o navio deles, o sistema já estava incluso. Até mesmo na Royal Navy, somente o ‘Queen Elizabeth’ (atual Capitânia da Esquadra deles) e o ‘Prince of Wales’ (da mesma classe) o possuem. Ele é mais comum em navios de passageiros, mas, ainda assim, não está disponível em todos, somente nos mais modernos”, disse. 

“A Marinha do Brasil não possui nenhum outro navio com essa capacidade, então, já fizemos o lançamento aqui no País. Convidamos até praças e oficiais do Camaleão [Centro de Adestramento Almirante Marques de Leão] para acompanhar o adestramento do MES, porque é uma inovação para a nossa Marinha. Pouquíssimos navios de guerra possuem esse equipamento”, completou o Comandante.

Funcionamento
No primeiro teste realizado no Brasil, em 2022, a tripulação participou de um exercício que simulou um acidente no navio, com a necessidade de uso do equipamento. Duas filas indianas foram feitas para o abandono, de forma que dois militares poderiam descer, por vez. “Contamos com o apoio de um militar que atuou como líder e outro como colíder. Embaixo, mais militares atuaram como ajudantes, para dividir o pessoal nas balsas. Quando, efetivamente, todo mundo já estiver desembarcado, outra embarcação se aproxima para separar as balsas infladas do navio, e aí elas vão trabalhar da mesma forma que uma balsa salva-vidas tradicional”, explica o Capitão-Tenente Fábio Chaves. 

Anualmente, o MES é revisado por uma empresa filiada àquela que fazia o serviço no Reino Unido, de onde o navio foi adquirido. A cada seis anos, o equipamento deve ser lançado ao mar para testar sua efetividade. Antes de 2022, ele havia sido lançado para teste em 2016, e o próximo lançamento está previsto para 2028.

Fonte: Agência Marinha de Notícias

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